quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Vinha do Mouro Tinto 2011



Encontro Anual "Vinhos do Alentejo"- Intercontinental São Paulo, 10.Set.2015.

Para fechar nossa passagem pela Quinta do Mouro, falemos agora do rótulo de entrada, o Vinha do Mouro.

Na safra de 2011, ele é composto por 45% Trincadeira, 30% Aragonez, 15% Alicante Bouschet e 10% Cabernet Sauvignon. O ataque é bem austero, puxando bastante para a madeira velha e algumas notas vegetais. Na boca, porém, mostra um estilo bastante doce, de fruta em compota e baunilha, com boa estrutura mas uma acidez um pouco abaixo da desejável. Depois de um tempo fica um pouco pesado, mas nada que atrapalhe a experiência.  

Para um rótulo de entrada, o vinho é muito bom. Boa pedida para um dia mais frio. 



Avaliação Vinhozin: 88 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 95 reais. Importado pela Épice.
Preço no exterior: Em torno de 6 euros em Portugal.

Vale a pena? Aqui, é absurdo. Fora, é uma boa compra.

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Quinta do Mouro 2007



Encontro Anual "Vinhos do Alentejo"- Intercontinental São Paulo, 10.Set.2015.

Continuamos na Quinta do Mouro, para falar agora do Quinta do Mouro 2007. Na hierarquia de rótulos dessa vinícola alentejana, este tinto só está abaixo do "Rótulo Dourado". Nesta safra, só para termos uma idéia do que vamos encontrar pela frente, ele recebeu 94 pontos de Robert Parker e 17,5 pontos de Jancis Robinson.

Composto por 45% Aragonez, 30% Alicante Bouschet, 15% Touriga Nacional e 10% Cabernet Sauvignon, esse é verdadeiramente um bordalês ibérico, um "superalentejano" feito com castas portuguesas. Muito elegante, vinoso e suculento, o vinho ainda está fechado, mas já mostra um grande foco nas notas florais, de mato seco e de frutas negras (mirtilos), além de algumas ervas e cedro no meio disso tudo. A estrutura tânica é massiva, muito presente, mas composta por taninos finíssimos. Na boca ele se mostra um pouco licorado, e a fresca acidez fecha a conta. O final é muito longo, daqueles ficam com você por um belo tempo...

Melhor vinho do encontro, superando em pequena margem o Conde D'Ervideira Private Selection ( apesar da pontuação ser a mesma). Grande vinho hoje, mas promete ainda mais para o futuro.



Avaliação Vinhozin: 93 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 325 reais. Importado pela Épice.
Preço no exterior: Em torno de 25 euros em Portugal e 40 dólares nos EUA.

Vale a pena? Aqui, é muito caro: o vinho é muito bom, mas 325 reais compram uns grandes chilenos e argentinos. Fora, é uma compra obrigatória.

Casa dos Zagalos Reserva Tinto 2010



Encontro Anual "Vinhos do Alentejo"- Intercontinental São Paulo, 10.Set.2015.

A Quinta do Mouro é, para nós do blog, o produtor dos maiores vinhos do Alentejo: o seu "Rótulo Dourado" é um portento de estilo bordalês, maior tinto do sul de Portugal. A qualidade que Miguel Louro e equipe imprimem, porém, perpassa todos os rótulos. 

Esse Casa dos Zagalos é, segundo o próprio site da Quinta do Mouro, um vinho que tem a mesma filosofia dos seus dois "irmãos maiores", os topos de gama da vinícola, mas busca um público mais abrangente. 

Composto por 50% Trincadeira, 30% Aragonês, 10% Alicante Bouschet e 10% Cabernet Sauvignon, o vinho é estruturado, mostrando taninos presentes mas macios. Frutas vermelhas frescas e algum defumado marcam a prova, tudo em um conjunto de leve austeridade, própria da concepção do vinho: sério, mas fácil. O final é bastante longo, só perdendo, em todo o encontro, para o "irmão maior" Quinta do Mouro 2007, que publicaremos a seguir.

Aguenta muito tempo de garrafa pela frente, apesar de estar pronto para beber agora. 



Avaliação Vinhozin: 91 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 150 reais. Importado pela Épice.
Preço no exterior: Em torno de 13 euros em Portugal.

Vale a pena? Aqui é caro, mas é uma boa experiência. Fora, é uma ótima escolha.

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Herdade do Peso Colheita Tinto 2012





Encontro Anual "Vinhos do Alentejo"- Intercontinental São Paulo, 10.Set.2015.

Mais um vinho do encontro alentejano em São Paulo, desta vez da representante da Sogrape na região. Este colheita é o rótulo de entrada da produtora.

Composto por Aragonez, Alicante Bouschet e Syrah, o vinho é bastante moderno, de taninos macios mas presentes, foca bastante nas frutas negras maduras, doces e suculentas. A acidez traz certo frescor ao vinho, porém o álcool quente demais tira um pouco da graça da fruta.

Talvez o vinho precise de algum tempo. Apesar disso, é uma boa pedida para uma situação mais descompromissada.



Avaliação Vinhozin: 88 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 130 reais. Importado pela Zahil.
Preço no exterior: Em torno de 7 euros em Portugal.

Vale a pena? No Brasil, não! O preço é absurdo. Fora, tem um custo-benefício razoável.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Herdade de São Miguel Touriga Nacional 2010




Encontro Anual "Vinhos do Alentejo"- Intercontinental São Paulo, 10.Set.2015.

A Touriga Nacional é a grande uva portuguesa. Quando entra no corte com as suas conhecidas Touriga Franca, Tinto Cão, Tinta Roriz e Tinta Barroca, constrói um dos maiores monumentos do mundo do vinho, o Porto Vintage. Porém, ela não é uma casta fácil de ser trabalhada em monovarietais (já comentamos isso aqui quando provamos o Quinta do Vallado Touriga Nacional 2012), facilmente descambando para vinhos sem corpo, de taninos duros e de um ataque aromático incompatível com a acidez que possa trazer. 

No Alentejo, essa casta não tem nem tradição. Além de todos os problemas apontados acima, ela não é muito amiga do clima da região. Não foi então para nossa surpresa que um dos melhores vinhos (e de melhor custo-benefício) do encontro alentejano fosse um monovarietal de Touriga? 

De caráter muito moderno, corpo médio mas excelente estrutura tânica, polida e fina, esse Herdade de São Miguel traz todas aquelas notas florais tão típicas envoltas por notas muito doces de bala de morango e algum leve defumado da madeira, com a cheia acidez trazendo equilíbrio ao conjunto. Se não fosse pelo corpo, muita gente confundiria este vinho com um Malbec da Patagônia, tal a combinação de doçura e elegância.

Impressionante monovarietal de Touriga, ainda mais pelo fato de não ter vindo do Dão/Douro.



Avaliação Vinhozin: 92 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 150 reais. Importado pela Cantu.
Preço no exterior: Em torno de 10 euros em Portugal.

Vale a pena? Já vale aqui no Brasil. Fora, é uma pechincha.

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Conde D'Ervideira Private Selection Tinto 2011



Encontro Anual "Vinhos do Alentejo"- Intercontinental São Paulo, 10.Set.2015.

Continuando com a Ervideira, trazemos agora o topo de gama da vinícola.

Este Private Selection tinto de 2011 é um dos grandes vinhos alentejanos. Composto por Aragonez, Trincadeira e Alicante Bouschet, já mostra desde a escolha das castas a preferência pelo resgate das raízes, não incorporando nenhuma casta que não seja tradicionalmente associada à região.

Ainda um pouco fechado, o vinho vai mostrando uma grande complexidade com o tempo em taça: florais, defumados, couro e fruta preta fresca. Taninos finíssimos e uma acidez bem feita fecham esse conjunto austero, sério e estruturado, construído para durar. 

Um dos melhores do encontro!



Avaliação Vinhozin: 93 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 320 reais. Importado pelas Caves Santa Cruz.
Preço no exterior: Em torno de 30 euros em Portugal.

Vale a pena? É bastante caro, apesar de sua qualidade. Comparando com os vinhos apresentados no encontro, está na mesma faixa de um Quinta do Mouro, o que parece razoável, mas se pensarmos que por bem menos compramos um Angelica Zapata, por exemplo, a coisa complica! Para comprar fora, é uma boa pedida.

Conde D'Ervideira Reserva Tinto 2011



Encontro Anual "Vinhos do Alentejo"- Intercontinental São Paulo, 10.Set.2015.

A Ervideira é uma produtora interessante. Pouco conhecida aqui no Brasil (esperamos que isso mude), ela produz vinhos de estilo velho mundo na região de perfil mais moderno em Portugal, o Alentejo, fruto de décadas de embargo Salazarista à produção de vinhos naquela terra, que acabou por ficar algo carente em tradição vitivinícola.

Este Conde D'Ervideira Reserva tinto não foge à regra. Vinoso, de taninos marcantes mas redondos, este corte de Trincadeira, Aragonez, Cabernet Sauvignon e Alicante Bouschet mostra couro e frutas negras muito frescas (principalmente amoras), distanciando-se do que em geral vimos no encontro dos "Vinhos do Alentejo": vinhos que, apesar de suportados por uma acidez refrescante, tendiam sempre para uma fruta mais madura e doce, aspecto natural quando pensamos em uma região tão quente.

Belo vinho, com muita aptidão gastronômica.



Avaliação Vinhozin: 91 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 160 reais. Importado pelas Caves Santa Cruz.
Preço no exterior: Em torno de 15 euros em Portugal e 25 dólares nos EUA.

Vale a pena? É caro, mas é um pouco difícil achar vinhos nesse estilo velho mundo por menos dinheiro.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Dona Maria Colheita Tinto 2012



Encontro Anual "Vinhos do Alentejo"- Intercontinental São Paulo, 10.Set.2015.

O Dona Maria Colheita é o tinto de entrada dessa casa alentejana, sediada em um dos mais belos palácios da região de Estremoz. Relativamente nova no mercado, apesar de já se fazer vinhos de qualidade naquele lugar há mais de um século, essa produtora já é reconhecida como uma referência em todo o Alentejo.

Este rótulo, composto por 50% Aragonez, 20% Cabernet Sauvignon, 15% Alicante Bouschet e 15% Syrah, é focado nas frutas vermelhas maduras, principalmente morangos, enquanto a madeira bem integrada também traz especiarias levemente doces ao conjunto. A harmonia geral do vinho, porém, é algo prejudicada pela elevada acidez volátil. Os taninos são bem presentes mas polidos, trazendo robustez e austeridade ao vinho.

Belo rótulo de entrada, mas talvez precise de um pouco de tempo.


Avaliação Vinhozin: 89 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 120 reais. Importado pela Decanter.
Preço no exterior: Em torno de 8 euros em Portugal.

Vale a pena? Aqui é absurdamente caro para o que oferece. Em Portugal, paga-se um bom preço por este bom alentejano.

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Encontro Anual "Vinhos do Alentejo" - Intercontinental São Paulo, 10.Set.2015



Muito boa a última edição do encontro anual dos "Vinhos do Alentejo", que ocorreu ontem no Hotel Intercontinental, em São Paulo, tendo já passado pelo Rio de Janeiro e aterrissando em Curitiba na segunda-feira. Promovida pela Comissão Vitivinícola Regional Alentejana, com a presença dos mais importantes produtores da região (ver lista abaixo), o encontro trouxe um grande panorama do que se faz de melhor nessa região.

Lista de produtores que compareceram a esta edição:

Adega Cooperativa de Portalegre
Adega de Borba           
Adega do Monte Branco
Cartuxa – Fundação Eugénio de Almeida
Casa Santa Vitória
Cortes de Cima
Dona Maria – Júlio Bastos
Encostas de Alqueva
Enoforum / CARMIM Group
Ervideira
Esporão
Herdade do Gamito
Herdade do Peso
Herdade dos Coelheiros
Herdade dos Cotéis
Herdade Outeiro São Romão
Herdade São Miguel
José Maria da Fonseca
Mingorra – Henrique Uva
Monte da Ravasqueira
Monte do Pintor
Monte dos Cabaços, Lda.
Mouchão
Paulo Laureano Vinus
Pêra-Grave
Quinta do Mouro
Roquevale
Tapada do Fidalgo
Tiago Cabaço



Os produtores compareceram em peso e foram recompensados pela grande afluência de gente do mercado, enófilos e pessoal da mídia. O público foi tão grande que importantes stands, como o da José Maria da Fonseca, ficaram sem vinho já por volta das 19h! O espaço, porém, foi adequado para a quantidade de pessoas presentes, e a disposição dos stands impediu grandes aglomerações.

No geral, é de se louvar a presença de todas as grandes referências da região, além dos produtores "emergentes". Importante também destacar, e parabenizar, a disponibilidade de rótulos de alta gama, coisa muito difícil de se achar em eventos gratuitos como este, com uma digníssima exceção, o Mouchão. O fato de ele não estar presente em um encontro que também dispunha do já clássico Quinta do Mouro é de se estranhar, mas "os ausentes nunca têm razão".

Quanto à qualidade do produto que estávamos ali provando, fica claro a evolução crescente dos vinhos tintos alentejanos. Tradicionalmente focados na fruta madura e nos taninos rústicos, os vinhos vêm ganhando elegância através dos anos: foi muito difícil ontem encontrar vinhos que descambassem para a doçura excessiva ou sobre-extração. Embora, sim, na maior parte dos casos, todos os vinhos tivessem um perfil moderno, vimos um frescor que trouxe elegância e aptidão gastronômica para os vinhos. Já para os brancos, ainda precisamos de uma amostra mais convincente da capacidade da região para os produzir com grandeza.

Parabéns aos organizadores, foi um grande evento. A seguir, publicaremos as nossas avaliações sobre alguns vinhos provados.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Concha y Toro Serie Riberas Gran Reserva Cabernet Sauvignon 2013



O grande problema dos vinhos novo-mundistas, na pior concepção da palavra, é a falta de frescor. É óbvio que os vinhos de média e alta gama dos países que entram nessa categoria dificilmente cometem esse pecado, mas o defeito é sim muito perceptível nos vinhos de entrada e ainda um pouco acima. 

A Concha y Toro, maior produtora do Chile, tanto em volume (fato) quanto em qualidade (opinião), tem inúmeros rótulos no seu catálogo, desde os mais simples até os enormes Don Melchor e Almaviva. Dentre os rótulos de entrada, essa característica de pouca acidez é bem perceptível; o Casillero chega a cansar.

Com a série Riberas, a produtora tenta, ainda em seus vinhos de entrada (apesar desse ser apenas um rótulo abaixo do Marqués de Casa Concha, ainda tem muita coisa acima!), imprimir elegância a uma série de vinhos com a utilização de vinhedos à beira de rios, em uma bela estratégia de marketing que rende bons frutos no que interessa: a bebida.

Este rótulo, da Ribera del Tinguirica, mostra só a Cabernet Sauvigon no rótulo mas também têm uns poucos 10% de Carmenére. Macio nos taninos e concentrado, ele mostra bem a tipicidade da casta, com cedro e couro. As frutas vermelhas caem naquele perfil novo-mundo de doçura, percebendo-se amoras e cranberries maduras ou em calda, mas eis que chega a acidez! Bem construída, incisiva, torna o vinho gastronômico e elegante. Bebemos sem cansaço e com prazer.

Muito legal essa iniciativa da Concha y Toro com a Série Riberas. Nós não conhecíamos mas ficamos fãs.


Avaliação Vinhozin: 90 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 75 reais. Importado pela VCT.
Preço no exterior: Em torno de 8000 pesos chilenos no Chile e 15 dólares nos EUA.

Vale a pena? Bastante. Na sua faixa de preço, é um dos melhores Cabernets por aí.

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Sandeman Porto Tawny 20 Anos



Os Porto Tawny envelhecidos são clássicas amostras do poder da idade na profundidade de um vinho. Gostar ou não do processo de envelhecimento em um vinho é um aspecto pessoal e subjetivo; o aumento na sua complexidade não é. Apresentando as características necessárias (simplificadamente, estrutura tânica e/ou acidez), um vinho sempre ganhará complexidade com a idade.

A Sandeman é uma casa clássica de Tawnies; suas caves de Gaia contêm balseiros e mais balseiros contendo a matéria primas para seus Tawnies com indicação de idade e Colheitas. E que matéria-prima! Essa casa sempre foi uma das referências para esse estilo de Vinho do Porto.

Esse Sandeman 20 Anos, engarrafado em 2013, é muito bom. De linda cor âmbar escuro, com traços avermelhados (ver imagem abaixo), ele é complexo e cheio de camadas, se mostrando a cada momento de uma maneira diferente: concentrado, ainda apresenta alguma fruta fresca, complementada por aquelas notas clássicas de nozes, pistaches e alguma amêndoa. As notas de café e caramelo também são marcantes, aliadas a uma inusitada e muito forte característica de iogurte (!), que aporta ainda mais doçura ao conjunto, contrabalanceada pela acidez cortante que preenche a boca toda. Os taninos finíssimos trazem a austeridade que todo vinho sério deve ter, e o final fica por um belo tempo.


Uma bela pedida para uma noite mais fria. Grande vinho.



Avaliação Vinhozin: 94 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Difícil de achar, mas deve girar em torno de uns 300 reais. A Sandeman é importada pela Zahil.
Preço no exterior: Em torno de 40 euros na Europa e 50 dólares nos EUA.

Vale a pena? Vale. Há Portos 20 anos ainda melhores (como o Graham´s ou o Niepoort), mas também são mais caros.