quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Aurora Millésime Cabernet Sauvignon 2011


A Aurora logo chega ao topo do ranking de vinícola mais representada nesse blog! Hoje bebemos o Millésime, topo de gama da vinícola, produzido apenas em anos especiais.

Monovarietal de Cabernet Sauvignon, tem um caráter novo-mundista, focado na densidade e concentração. Apesar disso, mostra também boa austeridade nas frutas negras frescas (principalmente amoras). Na boca tem madeira no ponto certo, com um pouco de baunilha. Os taninos são redondos e macios, mas falta alguma acidez; na verdade, apesar de ser um ótimo vinho, parece já estar na descendente.

De qualquer forma, um Cabernet Sauvignon brasileiro a se provar, que talvez peque no preço. Vamos ver como ele se sai na safra 2012, a melhor do Brasil nos últimos anos.


Avaliação Vinhozin: 89 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 100 reais.


Vale a pena? Só pela curiosidade de provar o topo de gama da casa. Há tintos brasileiros melhores e mais baratos (vários já avaliados nesse blog).

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Salton Paradoxo Merlot 2013



Não conhecíamos essa linha Paradoxo da Salton (mais um desse vinhos que não chega ao grande varejo de SP, ficando restrito ao RS; quando os distribuidores vão se dar conta?), e foi uma boa surpresa.

Esse monovarietal da casta tinta preferida do Brasil, a Merlot, é simples e bem feito. Tem frutas vermelhas frescas, morangos e ameixa, um leve toque amadeirado (nada de enjoativo), boa acidez e taninos macios. O corpo médio e os contidos 13% de álcool dão bem a amostra da elegância que o terroir gaúcho imprime aos vinhos.

Um vinho que entrega até mais do que cobra. Muito bom.


Avaliação Vinhozin: 88 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 40 reais.


Vale a pena? Bastante.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Aurora Pinto Bandeira Chardonnay 2014



Mais um ótimo Chardonnay da Aurora, agora com a indicação de procedência Pinto Bandeira. A busca pela oficialização de I.P.s é de extrema importância para o mercado vitivinícola brasileiro, que deve no longo-prazo se especializar no terroir e não na commoditização (como já discutimos em postagens anteriores). A I.P de Pinto Bandeira foi a segunda a ser oficializada no Brasil, e espera-se para daqui a alguns anos a transformação em D.O..

Esse monovarietal mostra pêras e frutas brancas exuberantes e maduras, numa coisa de Chardonnay novo-mundo, quase um californiano, mas com a mineralidade de Pinto Bandeira dando o toque de equilíbrio. Na boca é amanteigado, tem um pouco de baunilha e boa acidez. Está ótimo para ser bebido agora.


Avaliação Vinhozin: 89 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 50 reais.


Vale a pena? Bastante.

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Concha Y Toro Serie Riberas Gran Reserva Carménère 2013



Segundo vinho da Serie Riberas a ser provado nesse blog, bebemos agora o monovarietal de Carménère.

Bastante novo-mundista, tem uma boa complexidade aromática com muita fruta madura (cassis e amoras), mato molhado e madeira (incenso e baunilha). Tem boa estrutura tânica e ótima acidez, o que salva o vinho da madeira (pelo menos em um primeiro momento). Com o tempo em taça ela entra num crescendo de doçura e peso chegando a sobrepujar a fruta, e o vinho vai ficando chato. Engraçado como o Cabernet da mesma série Riberas era muito mais elegante e contido, enquanto esse é cheio de força e doçura.

Bela pedida para um churrasco ou qualquer coisa tão ou mais pesada, desde que você não tenha medo da madeira.


Avaliação Vinhozin: 88 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 70 reais. Importado pela Ravin.
Preço no exterior: Em torno de 15 dólares nos EUA e Chile.

Vale a pena? Se o seu estilo é o novo-mundista mais doce e pesado, vale. Se gosta de vinhos mais austeros, melhor passar longe.

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Valmarino Sangiovese 2015



Faz tempo que não temos uma surpresa tão boa. A Valmarino é nacionalmente conhecida por seus vinhos de topo, como o Cabernet Franc que é um dos melhores tintos do Brasil. Mas, para nós, a grande arma dessa vinícola está na qualidade muito (mas muito) acima da média nos rótulos intermediários e de entrada.

Esse monovarietal de Sangiovese é prova disso. Elegante, mostra um caráter bastante floral, além amoras e morangos frescos, com um pouco de baunilha do curto estágio em carvalho. Na boca tem taninos redondos, leveza (apenas 11,8% de álcool) e ótima acidez, mostrando bem a tipicidade da Sangiovese. Bastante gastronômico e velho-mundista, enfrenta uma mesa como poucos vinhos nessa categoria.

Tem muito Chianti por aí de 80 reais que não chega aos pés desse Valmarino. Belo vinho!



Avaliação Vinhozin: 90 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 40 reais.


Vale a pena? Demais. O preço é quase inacreditável.

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Guatambu Luar do Pampa Chardonnay 2014



Um dos vinhos de entrada da vinícola Guatambu, esse Chardonnay de Dom Pedrito é mais uma amostra do ótimo custo-benefício dos Chardonnays do Sul.

Bastante fresco, esse monovarietal não estagia em madeira (apesar de metade do mosto fermentar em barricas de carvalho) e não passa por fermentação malolática. O vinho mostra boa tipicidade de flores brancas e só um toque adocicado, além de alguma coisa cítrica. Na boca tem como seu grande trunfo a acidez pungente que a malolática não tirou, fechando o conjunto de forma bem austera para um vinho desse preço.

Ótima pedida para um dia de calor, além de poder acompanhar bem uma infinidade de pratos por conta de sua boa acidez.



Avaliação Vinhozin: 87 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 30 reais.


Vale a pena? Ainda não tomamos um branco comprado e/ou feito no Brasil que oferecesse essa qualidade nessa faixa de preço.

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Hermann Matiz Alvarinho 2011



Empreendimento da família Hermann (controladora da importadora Decanter) no Rio Grande do Sul, a vinícola conta com um acervo de dar inveja em seus competidores, ressaltando-se a Lírica Crua, espumante que para muitos é o melhor do Brasil. A empresa também conta com nomes de peso na sua equipe, como o português Anselmo Mendes, um dos papas da Alvarinho, uva usada nesse Matiz 2011.

Monovarietal da casta, o vinho mostra ótima tipicidade, com frutas tropicais, mamão, laranjas e até um pouco de desenvolvimento (notas de petróleo, não nega o parentesco com a Riesling!). A exuberância aromática é balanceada por grande mineralidade de pedras lavadas, característica do terroir da Serra do Sudeste. Tem ótima acidez e leveza, apesar do álcool estar um pouco além da conta.

Não vemos a hora de provar a safra 2015!



Avaliação Vinhozin: 90 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 60 reais.


Vale a pena? Bastante. Ótimo custo-benefício.

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Cuarto Dominio Tolentino Malbec 2014



Nunca havíamos provado nada da Cuarto Dominio, bodega localizada no Valle de Uco de propriedade de Javier Catena Pedro (veremos mais à frente que ele honrará o sobrenome).

Essa garrafa do Tolentino estava por um bom preço no Extra, então decidimos provar. E que boa surpresa! Esse monovarietal de Malbec logo de cara mostra a diferença de um bom projeto de vinificação na região. Nada de sobre-extração ou sobre-maturação: tudo está no ponto. Bastante sério, com notas de chocolate, baunilha e frutas negras frescas, traz também um toque terroso que não é fácil de se achar em vinhos de entrada de Mendoza.

Na boca tem corpo médio, taninos macios e boa acidez, sem excesso de doçura. Vai muito bem à mesa.



Avaliação Vinhozin: 89 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 80 reais. Importado pela Ravin.
Preço no exterior: Em torno de 15 dólares nos EUA e Argentina.

Vale a pena? Vira e mexe esse vinho aparece em promoções por 50 ou 60 reais no Extra/Pão de Açúcar. Sob essas condições, vale bastante.

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Lídio Carraro Dádivas Chardonnay 2014



Mais um ótimo Chardonnay gaúcho pela frente, agora da vinícola Lídio Carraro, da qual já provamos aqui o Agnus Cabernet Sauvignon 2013.

Puxando para o lado novo-mundista, mas sem exageros, esse exemplar da grande uva borgonhesa mostra um perfil maduro com notas de abacaxi, um pouco de panificação (leveduras?) e aquela mineralidade tão característica do terroir das serras gaúchas. O vinho não passa por madeira (nem precisaria), mostra um bom corpo e acidez correta. Sério e fresco, esse vinho está pronto e vai muito bem à mesa.

Afirmamos novamente: se for comprar Chardonnay de até 80-100 reais, esqueça os chilenos, argentinos e americanos. O brasileiro, na média, vai ser muito melhor (e não vai te dar dor de cabeça).



Avaliação Vinhozin: 89 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 50 reais.


Vale a pena? Bastante. Ótimo custo-benefício.

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Graham's Porto Tawny 20 Anos




De uma daquelas casas de vinho do Douro e Porto que dispensam apresentações, a Symington Family Estates, bebemos o Graham's Tawny 20 Anos.

Envelhecido por no mínimo 20 anos em cascos de carvalho, esse Tawny foi feito com uvas provenientes de cinco quintas históricas do Douro Superior. Âmbar escuro, ainda com vários traços vermelhos da juventude, mostra uma complexidade aromática estupenda, com castanhas, pinhões, pistache, amêndoas e um pouco de iodo (lembra um bom Madeira), num conjunto muito doce e maduro.

Na boca as notas se repetem e o vinho mostra uma bela estrutura, de taninos finos mas poderosos, que ajudam a criar um conjunto de mais austeridade que a acidez não pôde dar. Ela fez falta: o vinho é muito concentrado e maduro para a acidez que mostra. Não chega a ser um defeito, mas um pouco mais de frescor traria muita qualidade para um vinho tão espesso e longo.



Avaliação Vinhozin: 92 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 500 reais. Importado pela Mistral.
Preço no exterior: Em torno de 50 dólares nos EUA e 40 euros na Europa.

Vale a pena? Para comprar fora, vale a pena (apesar de que para tawnies eu iria num Sandeman ou num Kopke). Aqui, é caro demais.

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Marqués de Riscal Reserva 2009



Segundo Marqués de Riscal avaliado por esse blog (ainda tem mais um 2011 no forno, ou melhor, na adega), esse 2009 se comportou muito melhor do que seu irmão do ano anterior.

Corte riojano de Tempranillo, Mazuelo e Graciano, o vinho foi beneficiado por uma boa safra. Bastante clássico, não chegando a ser austero, este Riscal puxa para um perfil mais bordalês na sua seriedade. Logo de cara mostra muitas frutas vermelhas frescas (cerejas) e tostados, com as notas balsâmicas tão típicas do rótulo aparecendo ao lado de algumas notas de especiarias.

A baunilha do carvalho americano se faz muito mais presente do que em 2008, mas o vinho também tem mais estrutura tânica e acidez para contrabalancear e assegurar um bom futuro (e um bom presente, afinal já está ótimo). Bastante elegante e gastronômico, esse é daqueles vinhos que pedem uma mesa.



Avaliação Vinhozin: 91 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 180 reais. Importado pela Interfood.
Preço no exterior: Em torno de 15 dólares nos EUA e 15 euros na Europa.

Vale a pena? Para comprar fora, vale muito a pena (sempre trazemos na mala). Aqui, é muito caro, mas condizente com seus pares estrangeiros se formos comparar qualidade.

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Ferraz Medium Rich Madeira




Como é bom ter uma boa surpresa. Compramos esse Madeira por uma bagatela numa promoção, e depois que bebemos, voltamos para comprar mais 3 garrafas.

O vinho da Madeira é uma instituição no mundo do vinho. Na opinião de muitos connoisseurs (principalmente britânicos), o Madeira é o maior vinho fortificado do mundo, rivalizando com o vinho do Porto.

Esse Ferraz é um monovarietal de Bual (segundo na hierarquia do grau de açúcar residual, sendo os Malvasia os mais doces e seguido, respectivamente, por Verdelho e Sercial) e passa pelo menos 7 anos em carvalho. Bastante complexo no nariz, mostra iodo, amêndoas, nozes e canela em perfeita harmonia, num caleidoscópio que mostra uma nova faceta a cada prova. Na boca tem acidez vibrante e ótima estrutura, com taninos sedosos. Termina muito longo e untuoso, com mel e um pouco de chocolate.

Melhor do que qualquer Porto Tawny 10 anos por aí.


Avaliação Vinhozin: 92 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 100 reais. Importado pela Vinci.
Preço no exterior: Em torno de 15 dólares.

Vale a pena? Se achar, compre sem pensar.

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Zerbina Arrocco Passito 2008



A Fatoria Zerbina é uma tradicional vinícola da Emilia-Romagna, famosa pelos vinhos doces. Utilizada em clássicos como o Vin Santo, o Amarone, e, no caso do vinho dessa resenha, o Passito, a ténica do appassimento é quase um símbolo da vitivinicultura italiana, consistindo, em regra e a grosso modo, na passificação das uvas após a colheita para a concentração de açúcares e aromas, antes da formação do mosto.

Este Passito talvez esteja no auge da evolução (provamos uma meia garrafa). Exuberante desde a abertura, mostra um lado muito forte de calda de maracujá, além de casca de laranja confitada, damascos, alguma coisa floral de ibiscos e notas minerais. Na boca é bastante amanteigado e encorpado, e sentimos um pouco de amargor, talvez do tempo em garrafa. A acidez não está mais tão presente, mas ainda assim segura e dá um pouco de leveza ao conjunto.

Para quem gosta de um estilo mais blockbuster, é uma ótima pedida.


Avaliação Vinhozin: 90 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 300 reais. Importado pela Vinci.
Preço no exterior: Em torno de 20 euros.

Vale a pena? Aqui no Brasil, nem pensar (no caso, compramos num saldão, então valeu a pena). De qualquer forma, não é um vinho que agrada a todos, então há que se ter algum cuidado.

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Pizzato Reserva Merlot 2012




Da ótima safra de 2012 no Rio Grande do Sul, talvez até melhor que a histórica 2005, chega mais um vinho da Pizzato, vinícola da qual já provamos aqui o Concentus.

Monovarietal de Merlot, o vinho impressiona de cara pelo frescor das frutas vermelhas no ataque, sem carregar na doçura. Mostra também alguma coisa de chocolate e muita tipicidade de casta com ameixa seca e mato seco. Na boca repete o frescor percebido no olfato, com ótima acidez (não consigo me cansar de elogiar a acidez dos vinhos brasileiros) e taninos finos, num conjunto que permite ainda bons anos de evolução.

Amigável mas ao mesmo tempo sério, esse vinho impressionou.

Avaliação Vinhozin: 90 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 75 reais.


Vale a pena? Muito. Ótimo custo-benefício.

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Tenuta Del Portale Aglianico Del Vulture 2011



O Aglianico del Vulture é a única Denominação de Origem da região de Basilicata, na Itália, e produz vinhos conhecidos como os "Barolos do sul". Monovarietais da antiga casta Aglianico, atingem uma qualidade impressionante para um vinho tão pouco conhecido fora do país, com ótimo custo-benefício.

Esse Tenuta Del Portale 2011 foi uma ótima experiência. Pensamos que fosse estar fechado no início, mas de cara mostrou uma complexidade impressionante: notas frutadas de morangos somavam-se a notas de couro, cravo, eucalipto, pimentão e carvão. A cada 5 minutos ele mostrava um novo lado, como um caleidoscópio que girava a roda de aromas do vinho.

Na boca ele tem corpo médio, é muito tânico (chega até a ser um pouco rústico, lembrando realmente os Barolos jovens) e tem uma fantástica acidez, terminando longo, elegante e gastronômico.

Poucos países fazem vinhos que vão tão bem à mesa quanto a Itália. Este é um deles.


Avaliação Vinhozin: 92 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Não encontramos à venda no país.
Preço no exterior: Em torno de 15 dólares nos EUA e 15 euros na Europa.

Vale a pena? Muito. Pechincha!

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Quinta da Bacalhôa Cabernet Sauvignon 2007


A Quinta da Bacalhôa é um produtor ímpar em Portugal, no sentido mais estrito da palavra: destaca-se pela qualidade de seus vinhos, mas, principalmente, pelo fato de fazer alguns vinhos à base de castas bordalesas em plena Península de Setúbal, algo não muito comum em um país que se orgulha de suas variedades.

O flagship wine da casa é este Quinta da Bacalhôa Cabernet Sauvignon, apesar do topo de gama ser o Palácio da Bacalhôa. Fomos meio na dúvida ao beber um Cabernet português, mas foi uma bela surpresa.

Com um pequeno halo de evolução que não mostra em nada seus quase 10 anos, o vinho ainda mostra-se muito jovem (vale lembrar que ele ficou guardado esse tempo todo em uma adega não climatizada, o que aumenta a taxa de envelhecimento do vinho). No olfato, poucos provadores às cegas saberiam que esse vinho não é um Médoc: muito bordalês no perfil complexo, mostra cassis, ameixas, mirtilos, caixa de charutos, eucalipto e alguma coisa medicinal. Na boca, a boa acidez e a estrutura tânica excepcional moldam o grande conjunto, garantindo ainda uma boa janela de envelhecimento para o vinho.

Impressionante.


Avaliação Vinhozin: 93 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 200 reais. Importado pela Portus.
Preço no exterior: Em torno de 15 euros na Europa e 30 dólares nos EUA. Também está disponível no Dufry Brasil por 37 dólares.

Vale a pena? Para comprar fora, é uma pechincha. Aqui é caro, mas ainda assim é melhor do que muitos vinhos tintos de mesmo preço.

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Masseria Li Veli Passamante 2010


Tínhamos uma boa expectativa em relação a esse vinho, mas ela não foi atendida.

Vinhos do "salto da bota" italiana tendem a mostrar um lado bem maduro de fruta, quase uma coisa novo-mundista de geléia doce, mas com mais acidez e sem tanta madeira. Geralmente são bastante potentes quando jovens, mas não tem estrutura para evoluir por muitos anos. É o que parece que aconteceu com este exemplar.

Monovarietal de Negroamaro, o vinho não mostra mais do que algumas frutas vermelhas frescas, percebidas à custa de muita concentração e paciência. Fora a quase ausência de um componente aromático, na boca tudo parece ter sumido: taninos, acidez e estrutura são quase imperceptíveis. 

Se estivesse provando esse vinho em 2020, entenderia o fato dele ter sumido. Mas em 5 anos de garrafa? Muito pouco para qualquer vinho de respeito que não seja um Beaujolais-Noveau (que nem tem tanto respeito assim).


Avaliação Vinhozin: 70 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 90 reais. Importado pela Vinci.
Preço no exterior: Em torno de 10 euros na Europa.

Vale a pena? Não.

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Quinta da Pellada Tinto 2008


Já li uma vez em algum lugar que Álvaro Castro é o Midas do Dão: tudo o que ele toca vira ouro. No caso, ouro líquido.

A Quinta da Pellada é uma propriedade histórica, que ganhou novo significado quando Álvaro começou a fazer seus vinhos ali nos anos 80. De lá para cá, tornou-se o maior nome da região. Esse Quinta da Pellada é o rótulo clássico da propriedade, que tem como topos de gama o Carrocel tinto e o Primus branco.

Corte de Touriga Nacional, Tinta Roriz, Jaen e um field blend de dezenas de outras castas, o vinho mostrou-se ainda muito jovem. A impressão inicial é a da madeira, derivada do estágio de 24 meses em carvalho francês: muita baunilha, um pouco de café e manteiga de cacau. Chega a ser enjoativa a quase onipresença da madeira doce. 

Com o tempo em taça, porém, ele começa a mostrar uma característica mentolada muito forte, além de camadas de frutas negras (amoras, ameixas e jabuticabas), mato molhado, pinhões e couro, numa complexidade excelente. Na boca tem corpo médio, boa estrutura tânica e ótima acidez, mas a madeira doce volta a predominar.

A impressão geral é a de que esse é um grande vinho que não está pronto. Em mais uns cinco anos a madeira deve se integrar melhor, e então ele deve evoluir bem por mais uma década.


Avaliação Vinhozin: 93 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 500 reais. Importado pela Mistral.
Preço no exterior: Em torno de 30 euros na Europa.

Vale a pena? Para comprar fora, sim. Aqui, é extorsão.

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Carmen Reserva Syrah 2009


Nada como uma boa surpresa em um vinho que se acha em qualquer canto. A Viña Carmen, fundada em 1850, é a mais antiga vinícola chilena, tendo participado de todas as etapas do desenvolvimento da vitivinicultura no Chile (foi nela, por exemplo, que a a uva Carménère foi "redescoberta"). Hoje é uma das maiores produtoras chilenas, com ampla disseminação no mercado brasileiro.

Esse Reserva de 2009 é um monovarietal de Syrah que impressionou. Com 7 anos, mostrou-se ainda extremamente jovem, escuro, "preto como a noite", como a Jancis Robinson chama a Syrah. O vinho mostra bastante tipicidade de casta, com as frutas negras (amoras e jabuticabas) sobressaindo, além de notas animais, chocolate e alguma coisa de canela. Na boca é bastante espesso, denso, com taninos macios e acidez correta.

Um ótimo vinho, pronto para ser bebido.


Avaliação Vinhozin: 90 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 90 reais. Importado pela Vinci.
Preço no exterior: Em torno de 15 dólares.

Vale a pena? Vale. Bom custo-benefício.

terça-feira, 26 de julho de 2016

Agnvs Cabernet Sauvignon 2013


A Lídio Carraro é uma produtora gaúcha de renome no Brasil e no exterior, famosa por ter produzido os vinhos oficiais da Copa do Mundo de 2014 e por ter recebido altas classificações de Jancis Robinson em vários rótulos de colheitas anteriores. A linha Agnvs foi um desses casos, recebendo notas de até 17/20 pela crítica inglesa na safra de 2009.

Esse monovarietal de Cabernet Sauvignon de 2013 mostra, de cara, uma bela tipicidade de casta, com cassis e outras frutas negras, além de alguma coisa vegetal. Não passa por madeira, o que é sempre bom em vinhos de entrada (a nossa opinião é clara: madeira só quando o vinho aguenta, para que ela some em vez de subtrair). Na boca, tem boa acidez e taninos macios, garantindo uma boa prova nesse momento.

Um belo vinho para o dia a dia.

Avaliação Vinhozin: 86 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 35 reais.


Vale a pena? Sim.

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Colli di Lapio Fiano de Avellino Branco 2009



Quando pensamos em sul da Itália, automaticamente pensamos em tintos. Clima mediterrânico e muito sol não costumam combinar com uvas brancas, que precisam de mais acidez que suas irmãs tintas. Esse Colli di Lapio da Azienda Clelia Romano, porém, foi uma espetacular surpresa.

Monovarietal de Fiano da denominação de origem Fiano di Avellino, esse branco impressiona por aliar potência e frescor. Bastante mineral no nariz, mostra frutas brancas e nozes, numa elegância que lembra os grandes Crus de Chablis. Na boca, é untuoso, gordo, com uma acidez quase metálica, não aparentando a idade que tem. Termina longo e com alguma coisa de especiarias, como canela.

Pronto para beber agora, mas deve se manter firme por mais uns bons anos.


Avaliação Vinhozin: 92 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 200 reais. Importado pela Vinci.
Preço no exterior: Em torno de 15 euros na Europa e 20 dólares nos EUA.

Vale a pena? Vale. Bom custo-benefício.

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Trefethen Dry Riesling 2008



Depois de dezenas de vinhos publicados no blog, finalmente um americano chega por aqui! Direto da world famous wine growing region, Napa.

Não fomos com muita fé para provar esse vinho. Há algum tempo atrás, bebemos o Chardonnay dessa mesma casa e era bem ruinzinho, quase um arquétipo do vinho californiano de baixa qualidade, amanteigado e enjoado. Mas esse aqui foi uma conversa bem diferente.

Monovarietal de Riesling, a clássica uva branca franco-alemã, que também aporta no blog pela primeira vez, esse vinho impressionou desde a abertura pela vivacidade da cor palha/esverdeada, depois de vários anos de descanso. Frutado no nariz, puxa bastante para uma coisa meio tropical, com mamões, além de notas de mel e um pouco de baunilha. O envelhecimento também aportou aquela nota característica de petróleo, que traz complexidade ao conjunto.

Na boca, esse perfil mais tropical contrasta com algumas notas de maçã-verde e com a boa acidez. Bastante cremoso, o vinho fecha num conjunto elegante, em nada lembrando os enjoados Napa de pior qualidade.

Ótimo vinho, prontíssimo para ser bebido.


Avaliação Vinhozin: 91 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 120 reais. Importado pela Vinci.
Preço no exterior: Em torno de 20 dólares nos EUA.


Vale a pena? Vale, e bastante.

terça-feira, 5 de julho de 2016

Vie Di Romans Dolée 2007



Este não é um vinho consensual.

Exótico para o padrão de vinho branco que a massificação da Chardonnay, para o bem e para o mal, nos impõs, esse italiano da região de Friuli-Venezia é produzido por uma das referências na região, a Vie Di Romans.

Monovarietal de Friulano (antiga Tocai-Friulano, também conhecida como Sauvignon Vert ou Sauvignonasse), este vinho é um blockbuster. Depois de quase 10 anos da colheita, ele ainda mostra uma cor dourada muito viva, parecida com uma cerveja lager. Bastante maduro, tanto no nariz como na boca, tem como característica principal uma coisa muito forte e bastante incomum de erva-doce, além de notas de maracujá e florais, tudo num conjunto bastante doce.

Na boca mostra-se extremamente espesso, denso e glicerinado, com um corpo que poucas vezes vimos em um branco (são mais de 14% de álcool). Tem boa acidez e até mesmo taninos, e termina bastante mineral, contrabalanceado a doçura que mostra no olfato.

Se quer tentar algo diferente, vá sem medo.


Avaliação Vinhozin: 91 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 300 reais. Importado pela Vinci.
Preço no exterior: Em torno de 30 dólares nos EUA e 20 euros na Europa.


Vale a pena? Por 300 reais, nem pensar. Se for para comprar fora ou numa ponta de estoque, como fizemos, vale.

terça-feira, 28 de junho de 2016

Casa Ermelinda Freitas Trincadeira 2011



Esses rótulos coloridos da Ermelinda Freitas são uma tentação. Ok, todos têm mais ou menos o mesmo gosto, não expressam terroir e tem um estilo "novíssimo mundo" de ser, com muita extração e madeira. Mas são bons.

Esse Trincadeira 2011 foi comprado no Pastorinho da Vila Mariana, em São Paulo, e desde então não achei mais à venda. Monovarietal da casta alentejana, está ainda bem vivo na cor. No olfato, mostra frutas negras em compota, principalmente amoras, e madeira doce mas não enjoativa (os anos na adega lhe fizeram bem, integraram a madeira que faz o vinho ficar bem chato nos seus primeiros anos). Na boca, é bastante cremoso, tem taninos quase imperceptíveis e boa acidez.

Dentro do que esses vinhos se propõem a entregar, é sempre uma boa pedida. Está pronto para ser bebido já!


Avaliação Vinhozin: 89 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 60 reais. Importado pela Orion Vinhos.
Preço no exterior: Em torno de 7 euros em Portugal.


Vale a pena? Para quem gosta de vinhos com essas características, vale sim.

terça-feira, 21 de junho de 2016

Bodega Noemía A Lisa 2009



Projeto da condessa Noemi Cinzano (sim, a mesma daquele Cinzano, o vermouth italiano) na Patagônia argentina, a Bodega Noemía em pouquíssimo tempo se tornou um dos mais respeitados produtores argentinos, e o maior nome da Patagônia. Seu topo de Gama, o Noemía, já atingiu status de cult wine, sendo aguardado com ansiedade a cada safra por enófilos ao redor do mundo.

Este A Lisa, porém, não impressiona. Monovarietal de Malbec provindo de vinhas cultivadas biodinamicamente (como todos os vinhos da casa), este vinho da safra de 2009 estava já um pouco oxidado e licorado, claro defeito para um vinho do qual se espera alguma guarda (o problema podia ser seu armazenamento, mas a rolha estava intacta e ele foi comprado direto da importadora). Ainda assim, mostrou notas de chocolate, ervas, cerejas e licor de ginja em equilíbrio. Na boca, seus taninos são imperceptíveis mas ele ainda conserva uma boa acidez.

Um bom vinho, mas nada mais que isso.


Avaliação Vinhozin: 88 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 210 reais. Importado pela Vinci.
Preço no exterior: Em torno de 20 dólares nos EUA ou na Argentina.

Vale a pena? Não. Dentro ou fora do país, há varios Malbecs superiores por menos dinheiro.

quinta-feira, 16 de junho de 2016

Marques de Casa Concha Carménère 2013



Voltamos ao Chile, e nada mais natural que voltar diretamente à Concha y Toro.

Na última postagem sobre a vinícola, provamos o Serie Riberas Cabernet Sauvignon 2013. Hoje subimos um degrauzinho (pelo menos, em preço e hierarquia), e provamos um rótulo da série Marques de Casa Concha.

A Carménère é famosa pela sua história de "uva errada no lugar certo". Extremamente sensível à filoxera, foi praticamente dizimada no século XIX na França. Mais de um século depois de sua "extinção", em 1994, o ampelógrafo francês Boursiquot descobriu, no Chile, pés de Carménère cultivadas há décadas como se fossem Merlot. Afinal não só não estava extinta, como adaptou-se perfeitamente ao clima e às condições naturais chilenas.

Esse monovarietal da safra 2013 traz uma boa tipicidade da casta. Bastante novo-mundista, traz muita madeira doce, com notas de baunilha, e frutas vermelhas maduras no olfato (fica no limite de descambar pra uma fruit-bomb, mas não descamba), com um pouquinho da nota vegetal que é atribuída à uva. Os taninos são macios, a acidez é correta, mas o álcool sai um pouco da linha: um pouco menor e o conjunto seria mais harmonioso. Nada, porém, que estrague o ótimo vinho.

Está pronto para beber já!


Avaliação Vinhozin: 90 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 130 reais. Importado pela VCT.
Preço no exterior: Em torno de 20 dólares no Chile e nos EUA.


Vale a pena? Não. Dentro da mesma vinícola, o Carménère Serie Riberas é mais barato e tem mais ou menos a mesma qualidade. Engraçado que achamos isso dos rótulos da série Marques: apesar de serem mais caros que a série Riberas, geralmente não são melhores.

sexta-feira, 10 de junho de 2016

Trivento Malbec Reserve 2014



Esse monovarietal de Malbec foi uma pequena decepção. A palavra para ele é mesmo "mono": basicamente uma fraca camada de frutas negras e madeira. Na boca mostra boa acidez e taninos redondos, mas o álcool parecia meio fora de lugar. Não é um vinho ruim, mas é um vinho para o dia a dia, e olhe lá.

O estranho é que nas outras safras ele costumava se comportar bem, com uma fruta muito fresca e gostosa. Esse exemplar não estava oxidado e nem com problemas na rolha; imagino que tenha sido uma garrafa ruim. De qualquer forma, fica aqui a nota.


Avaliação Vinhozin: 82 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 40 reais. Importado pela VCT.
Preço no exterior: Em torno de 8 dólares na Argentina e nos EUA.


Vale a pena? Não.

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Concha y Toro Gravas Del Maipo Syrah 2014



De volta à Concha y Toro, provamos a novíssima safra de um clássico da casa.

Proveniente das pedregosas (gravas) encostas andinas do Vale do Maipo, esse rótulo é fruto da busca incessante da casa pelo terroir perfeito para cada vinho. A Quinta de Maipo, vinhedo deste rótulo, está para a Syrah como Puente Alto está para a Cabernet Sauvignon chilena.

Monovarietal da casta do Rhône, esse vinho de pouca idade mostra-se ainda muito fechado. Bastante sério, com tempo em taça começou a mostrar uma complexidade fantástica, com notas de sangue, mato seco, amoras e um pouco de ameixa em plena harmonia, fechando com um toque de madeira. Na boca é concentrado, estruturado (quase arquitetônico!), bastante ácido, e termina longo.

Fantástico vinho. Espere pelo menos mais uns 5-10 anos e aproveite.


Avaliação Vinhozin: 93 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 400 reais. Importado pela VCT.
Preço no exterior: Em torno de 100 dólares no Chile e nos EUA.


Vale a pena? É caro, mas por um Syrah dessa qualidade vale a pena. É bom ressaltar que, por mais incrível que pareça, o preço que praticam aqui no Brasil é praticamente igual ao praticado fora: só por isso o vinho já tem um grande diferencial positivo.

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Angelica Zapata Cabernet Sauvignon Alta 2011



Mais um vinho da Catena Zapata, agora na linha de altitude Angelica Zapata, feita especificamente para o mercado argentino e da qual já bebemos por aqui o impressionante Malbec Alta 2010.

O Cabernet Sauvignon de 2011 não atinge o mesmo patamar de qualidade daquele, mas não deixa de ser muito bom. Austero no nariz, mostra muito cedro, tabaco e as típicas notas de cassis, num perfil bem bordalês. Na boca o vinho se abre e mostra que é mesmo do novo mundo: quente (14% de álcool), mostra frutas vermelhas bem mais doces e uma boa cremosidade. Os taninos estão presentes e bem estruturados, garantindo um bom envelhecimento.

Dê a ele mais uns dois anos de garrafa e ele deve atingir seu auge.


Avaliação Vinhozin: 91 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 180 reais. Importado pela Mistral.
Preço no exterior: Em torno de 30 dólares na Argentina.

Vale a pena? Por esse preço, é possível achar Cabernets melhores no vizinho Chile.

segunda-feira, 23 de maio de 2016

Aurora Reserva Chardonnay 2015


Mais um Chardonnay Reserva da Aurora, agora da safra 2015.

Consistente safra após safra, esse é um vinho obrigatório para se ter na adega. Esse monovarietal traz novamente aquelas notas de maracujá, manga e flores brancas já típicas do rótulo, aliadas, dessa vez, a alguma coisa de maçã (muito típica da casta), castanhas e limão.

A madeira aparece cada vez melhor integrada: nada de enjoativo, apenas um bom corpo e sutis notas doces são deixadas pelo "beijo do carvalho".  A acidez é corretíssima e deixa o conjunto ainda mais elegante; pode ser até que o vinho aguente uns cinco anos de evolução.

Mais um ponto para a Aurora, vinícola incontornável no nosso país.


Avaliação Vinhozin: 88 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 40 reais.


Vale a pena? Muito. Esse já virou um dos nossos favoritos, pela qualidade e pelo custo-benefício.

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Nicolas Catena Zapata 2012


De volta à Catena Zapata, estamos diante de um clássico.

Monstro sagrado argentino, famoso por desbancar grandes bordaleses em degustações às cegas na Europa e nos Estados Unidos, esse é um dos vinhos tintos de topo da casa, junto com o Nicasia e o Malbec Argentino. Criado em 1997, homenageia o enólogo e criador que é já um dos maiores nomes da história do vinho do novo mundo.

Corte de 75% Cabernet Sauvignon e 25% Malbec, esse tinto provém das vinhas Nicasia, Adrianna, Domingo e La Pirámide em Mendoza. Púrpura, ainda muito novo na cor, o vinho já mostra uma complexidade incrível no nariz, com notas de torrefação, cedro e um pouco de baunilha, aportadas pela madeira bem colocada, seguidas por frutas vermelhas frescas, como ameixa e cassis e, com algum tempo em taça, alguma coisa de ervas e eucalipto. 

Bastante bordalês no perfil, tem bom corpo e um conjunto fantástico de acidez e estrutura tânica, com taninos finos que permitem uma ótima experiência já hoje. Espere uns dez anos, porém, e verá do que é feito um grande vinho.


Avaliação Vinhozin: 95 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 800 reais. Importado pela Mistral.
Preço no exterior: Em torno de 110 dólares nos EUA.


Vale a pena? É um vinho muito caro, mas com essa qualidade é difícil achar vinhos mais baratos.

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Miolo Reserva Pinot Grigio 2013



Mais um branco gaúcho da Miolo, dessa vez de uma casta franco-italiana que, no nosso novíssimo mundo do vinho brasileiro, faz vinhos frescos e leves que acompanham bem um dia de piscina. Esse exemplar de Pinot Grigio, porém, é muito mais do que um aperitivo refrescante.

Muito frutado, impressionam as notas de limão e maracujá, envoltas por uma característica mineral de pedras lavadas, surpreendente para um vinho desse preço. Na boca é bastante encorpado e tem ótima acidez. Bastante jovem, esse vinho pode ficar mais uns aninhos na garrafa que ganhará complexidade.

Já tomamos outras safras desse Pinot Grigio e ele é muito consistente. É mais ou menos assim: se você quer tomar um branco, comprar em um supermercado perto de casa e gastar até uns 50 reais, não tem como errar se for de Chardonnay Reserva da Aurora ou de Pinot Grigio Reserva da Miolo.


Avaliação Vinhozin: 89 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 45 reais.


Vale a pena? Bastante.

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Adega de Penalva Flor D' Penalva Reserva Tinto 2013



Voltando ao Dão, uma grata surpresa.

Provamos esse vinho como não quem não quer nada: não conhecíamos a produtora, mas estava em promoção por menos de metade do preço em Portugal então compramos para experimentar.

Corte típico do Dão, com Touriga Nacional, Tinta Roriz, Alfrocheiro e Jaen, mostrou-se extremamente maduro logo na abertura, com muita madeira doce, taninos polidos e fruta madura. Não parecia em nada com um verdadeiro Dão no primeiro dia, e sim com uma fruit-bomb californiana. Não estava ruim, mas exagerado.

Acontece que esquecemos metade do vinho na geladeira durante uma semana e eis que ele se transforma: perde aquele exagero e começa a mostrar coisas mais interessantes, como licor de cerejas, alguns morangos mais frescos e acidez pronunciada; acaba por ficar muito bom. A sugestão é óbvia: esqueça ele envelhecendo ou aerando por um tempo, e você não vai se arrepender.



Avaliação Vinhozin: 90 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Não conseguimos encontrar à venda no mercado nacional.
Preço no exterior: Em torno de 12 euros na Europa.


Vale a pena? Sim, se for pra tomar por lá.  Apesar do vinho ser muito bom, eu não perderia espaço na mala trazendo essa garrafa, porque ela não expressa o terroir de onde veio; vinhos assim o mundo inteiro tem.

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Muros Antigos Escolha Vinho Verde 2014


Este é o primeiro vinho de Anselmo Mendes que publicamos aqui no blog. Considerado por muitos o maior winemaker da região dos Vinhos Verdes (e para nós só perdendo para o pessoal do Soalheiro), ele trouxe profundidade e caráter aos vinhos da região, através do seu trabalho nos últimos anos.

Esse Muros Antigos Escolha 2014 é um corte de 40% Avesso, 40% Loureiro e 20% Alvarinho que mostra já na garrafa sua tradição minhota-alsaciana (o Alvarinho é uma casta que tem vários "quês" de Riesling). Amarelo palha-esverdeado, mostra um caráter muito frutado no olfato, com bastante pêssego e limão. Na boca o aspecto limonado volta, envolto pela alta acidez e alguma coisa mineral que traz complexidade ao vinho.

O vinho é bastante harmônico e tem um caráter bastante jovem. Como não passa por madeira, mantém aquele frescor típico da região, aliado a uma profundidade incomum para um rótulo de entrada.

Ótimo vinho!


Avaliação Vinhozin: 90 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 85 reais. Importado pela Decanter.
Preço no exterior: Em torno de 5 euros na Europa e 10 dólares nos EUA.


Vale a pena? Se for pra comprar fora, vale muito. Aqui, você consegue a mesma qualidade em brancos brasileiros por metade do preço.

sexta-feira, 29 de abril de 2016

Salton Lucia Canei Espumante Brut Rosé



Provado no evento Revista Adega/Ibravin - Vinhos do Brasil, na Livraria Cultura do Shopping Villa Lobos, SP.

Para o segundo vinho da Salton que provamos nesse blog, vamos de cara para um dos melhores da casa.

Lançado em 2015 para homenagear a matriarca da família, esse monovarietal de Pinot Noir que passa de 18 a 24 meses em contato com as leveduras cumpre a tarefa com esmero. De linda cor salmonada, bem provençal, e pérlage finíssima, o vinho mostra a que veio com complexidade e equilíbrio incríveis, somando notas de morango, rosas, ervas frescas, um pouco de defumado e alguma coisa animal (embutidos?). Na boca é muito fresco, aliando cremosidade e delicadeza. A mineralidade de giz, característica importante do terroir da Serra Gaúcha, é a cereja no topo do bolo do longo final.

Consegue ser melhor, por uma pequena margem, do que o Valduga 130 provado no mesmo evento. Grande vinho da noite.


Avaliação Vinhozin: 93 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 180 reais.


Vale a pena? É caro, mas vale cada centavo.

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Casa Valduga 130 Espumante Brut (Degórgement 2015)


Provado no evento Revista Adega/Ibravin - Vinhos do Brasil, na Livraria Cultura do Shopping Villa Lobos, SP.

A Casa Valduga não necessita de apresentações. Uma das maiores e melhores vinícolas do país, conta já com mais de quatro décadas desde a fundação.

O 130 é um rótulo clássico da casa, tendo ampla disseminação através do mercado consumidor nacional. Caindo algumas vezes no passado naquela coisa madura novo-mundista, o rótulo à venda que teve o degórgement em 2015 sai completamente dessa linha.

Corte de Chardonnay e Pinot Noir, esse vinho de pérlage intensa passa 36 meses em contato com as leveduras. Muito doce e maduro no nariz, lembrando as versões anteriores, traz uma miríade de pêra, mamão, manga, banana passada e mel, numa complexidade incrível. Na boca a coisa muda: a bela acidez traz equilíbrio e coloca os pingos nos is, e as notas mais doces somam-se a licorados, láticos e a um fantástico floral. Potente e ao mesmo tempo elegante, mostra uma ótima textura e termina longo.

Esse é dos grandes. Impressionante o que a Casa Valduga consegue com essa "safra" do 130.


Avaliação Vinhozin: 92 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 115 reais.


Vale a pena? Bastante. Melhor do que a maioria dos champagnes vendidos pelo triplo do preço por aí.

terça-feira, 19 de abril de 2016

Don Giovanni Espumante Nature


Provado no evento Revista Adega/Ibravin - Vinhos do Brasil, na Livraria Cultura do Shopping Villa Lobos, SP.

Figurinha carimbada quando se fala em espumantes brasileiros, a vinícola Don Giovanni fez parte da revolução dos vinhos brasileiros desde o começo. Sempre olhando para o futuro, é das poucas produtoras no país que oferecem uma experiência de enoturismo completa (com hotel) e uma ampla campanha de divulgação de seus produtos.

Esse Nature produzido através do método tradicional é um corte de 75% Chardonnay e 25% Pinot Noir, que passa 24 meses em contato com as leveduras. Bastante austero, traz muitas ervas, mato seco e alguma coisa de lã (brett?). Na boca é extremamente mineral, mostrando tanto aquela salinidade característica de Pinto Bandeira como traços de giz. O bom corpo é embalado por uma acidez fantástica, daquelas que te proporcionam a oportunidade de guardar o vinho por bons anos.

De perfil bastante clássico, este é daqueles que pedem comida (e das boas!).


Avaliação Vinhozin: 91 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 80 reais.


Vale a pena? É quase uma pechincha.

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Aurora Pinto Bandeira Espumante Método Tradicional Extra Brut


Provado no evento Revista Adega/Ibravin - Vinhos do Brasil, na Livraria Cultura do Shopping Villa Lobos, SP.

Voltamos à Aurora, casa da qual somos fãs.

Primeiro rótulo produzido através do método tradicional desde 2002 pela cooperativa, esse corte de 60% Pinot Noir, 30% Chardonnay e 10% Riesling Itálico passa 24 meses em contato com as leveduras. Com boa mas não muito fina pérlage, o vinho compensa com uma ótima complexidade no olfato, com aquelas notas clássicas de pão, brioche e bolacha adicionadas a alguma coisa herbal e lática. Na boca é bastante mineral, tem ótima acidez e termina com um caráter cítrico.

Grande vinho, com capacidade de evoluir por muitos anos à frente.



Avaliação Vinhozin: 91 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 90 reais.


Vale a pena? Bastante.

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Giuseppe Garibaldi Espumante Extra Brut



Provado no evento Revista Adega/Ibravin - Vinhos do Brasil, na Livraria Cultura do Shopping Villa Lobos, SP.

Passemos agora aos espumantes, estrelas maiores do universo dos vinhos brasileiros.

Esse Giuseppe Garibaldi é o topo de gama da Cooperativa Garibaldi, uma das maiores e mais antigas do país. Produzido pelo método Charmat longo, este corte de 85% Chardonnay e 15% Pinot Noir mostra uma ótima pérlage. No nariz, o vinho ataca com pêras, camélias brancas, baunilha e um pouco de pão tostado e abacaxi, tudo num conjunto bastante interessante. Na boca é doce, maduro, com ótima cremosidade e boa acidez.

Ótimo extra brut; um Charmat seríssimo que vai muito bem à mesa.



Avaliação Vinhozin: 89 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 45 reais.


Vale a pena? Ótimo custo-benefício.

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Monte Paschoal Dedicato Tannat 2013


Provado no evento Revista Adega/Ibravin - Vinhos do Brasil, na Livraria Cultura do Shopping Villa Lobos, SP.

Como brincamos na última postagem, a Tannat já é uma uva quase brasileira. Devido à sua adaptação ao Sul do Brasil e ao tamanho do mercado produtor brasileiro (que ofusca o Uruguaio), muito provavelmente em alguns anos a Tannat vai ser para o Brasil como a Malbec é para a Argentina. À parte de todos os problemas da "commoditização" do vinho, não deixa de ser um bom negócio para o país vender sua primeira impressão. Depois, pode-se pensar em terroir, e isso no Brasil é muito nítido, em termos gerais, pela manifestação maior que é a nossa acidez.

Esse Monte Paschoal Dedicato Tannat não é uma commodity. Sério, sisudo, e ainda bem fechado, mostra ótima tipicidade, com madeira velha, tabaco, cassis e amoras no nariz, num conjunto bastante velho mundista. Na boca é denso, tem uma boa estrutura tânica, bom corpo, e, lá vem ela, que acidez! Fantástica, coloca o vinho todo numa moldura e te entrega para seu completo aproveitamento.

Tannat de verdade, de terroir. Que ótimo futuro vinícola nós temos.



Avaliação Vinhozin: 91 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 80 reais.


Vale a pena? Bastante.

segunda-feira, 28 de março de 2016

Concentus Pizzato Gran Reserva Tinto 2010


Provado no evento Revista Adega/Ibravin - Vinhos do Brasil, na Livraria Cultura do Shopping Villa Lobos, SP.

A Pizzato é já uma casa de referência no panorama vínico brasileiro. Fundada em 1999, o seu foco em qualidade resultou em um rápido estabelecimento da marca, tanto aqui como no exterior.

O Concentus Grande Reserva é o tinto topo de gama da casa, vindo da D.O. Vale dos Vinhedos. Corte das bordalesas Merlot e Cabernet Sauvignon com a já quase brasileira/uruguaia Tannat, mostra um perfil bastante novo mundo, muito doce no nariz, com baunilha, chocolate, geléia de frutas vermelhas e alguma coisinha vegetal trazendo complexidade. Na boca é encorpado, concentrado, com uma enorme estrutura de taninos maduros e acidez correta.

Ainda muito novo e carregado na doçura, pode ser que esse rótulo ganhe em elegância com o tempo. Desde já, porém, é um ótimo vinho, e está pronto para quem gosta de um estilo mais blockbuster.


Avaliação Vinhozin: 91 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 110 reais.


Vale a pena? É possível conseguir vinhos nacionais melhores por menos dinheiro, mas ainda assim vale quando comparado aos estrangeiros.

quarta-feira, 23 de março de 2016

Czarnobay Alto das Figueiras Touriga Nacional 2013


Provado no evento Revista Adega/Ibravin - Vinhos do Brasil, na Livraria Cultura do Shopping Villa Lobos, SP.

É árdua a tarefa de provarmos mais vinhos do Sul do Brasil aqui em São Paulo. Não conhecíamos essa vinícola, por exemplo; foi fundada em 2012, e, conversando com o criador desses vinhos, Antônio Czarnobay, ele nos disse que não tem representante comercial aqui no Estado. Pelo amor de Baco, alguém o arranje um representante.

Esse monovarietal de Touriga Nacional é um arraso. Ainda não lançado no mercado (por isso a foto "computadorizada"), a juventude é nítida na cor púrpura densa da Touriga. Muito floral, numa coisa meio Dão, traz também balas de framboesa, mato molhado e pimenta em um conjunto complexo e profundo. O vinho tem corpo médio, taninos fáceis e uma boa estrutura, mas o que chama atenção é a acidez fantástica, de dar água na boca, trazendo a ele uma aptidão gastronômica ímpar.

Está em condições perfeitas de ser aproveitado, mas essa acidez ainda leva o vinho longe. Curioso para abrir uma garrafa em 10 anos!


Avaliação Vinhozin: 92 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 60 reais.


Vale a pena? Vale a pena ao ponto de ir para o Sul só para trazer o carro cheio de caixas.

sábado, 19 de março de 2016

Maximo Boschi Reserva Merlot 2006



Provado no evento Revista Adega/Ibravin - Vinhos do Brasil, na Livraria Cultura do Shopping Villa Lobos, SP.

A Maximo Boschi é uma referência em vinhos brasileiros. Fruto do trabalho de Daniel Dalla Valle e Renato Savaris, o compromisso com a qualidade e com o perfil de vinhos que almejam produzir é ímpar quando olhamos em escala nacional, ou até mesmo mundial. Afinal, quantos produtores no mundo ainda esperam uma década para lançar um vinho, estagiando o produto em garrafa em suas próprias adegas durante todo esse tempo?

Esse é o caso desse monovarietal de Merlot. Lançado no ano passado, foi provado com 10 anos da data da colheita, e, de forma impressionante, não está nem um pouco pronto. Este é dos grandes e os grandes requerem tempo. De um lindo púrpura vivo, o vinho ataca com ameixas, chocolate e defumados. Com algum tempo em taça, algumas notas de frutas vermelhas mais maduras vão aparecendo, junto com tabaco e ervas secas, numa complexidade aromática estupenda.

Na boca os taninos são de rasgar: coisa pra daqui a 5 anos ou até mais. Numa estrutura fantástica, a acidez entra correta e monta o conjunto bem tradicional, austero e elegante. O vinho é denso, encorpado e termina muito longo.

Vinho brasileiro pra beber com 15-20 anos de vida. Espetacular.



Avaliação Vinhozin: 93 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 100 reais.


Vale a pena? Muito.

quinta-feira, 17 de março de 2016

Evento da Revista Adega/Ibravin - Vinhos do Brasil


Nas próximas postagens, mostraremos os 9 vinhos brasileiros que foram escolhidos por Eduardo Milan, editor da Revista Adega, para o workshop Vinhos do Brasil, onde foram degustados alguns dos melhores exemplares presentes no Guia Adega/Vinhos do Brasil 2015/2016, à venda nas livrarias.

Os dois dias de evento foram realizados na Livraria Cultura do Shopping Villa-Lobos, em São Paulo. Muito bem conduzido e apresentado por Eduardo e sua equipe, foi ótimo ver os vinhos brasileiros ganhando a atenção e a projeção que eles merecem. Este é um anseio desse blog, que tenta sempre mostrar a qualidade do vinho nacional, que cresce de forma exponencial.

Os agradecimentos à Revista Adega, ao Ibravin e à Livraria Cultura pela iniciativa. Vamos aos vinhos!

quinta-feira, 10 de março de 2016

Salton Virtude Chardonnay 2013


Novamente um Chardonnay gaúcho desponta aqui no blog!

Produzido pela enorme casa Salton, uma das maiores produtoras de vinhos no Brasil, esse Virtude 2013 é um monovarietal de respeito da casta borgonhesa. Amarelo-palha, lembrando os grandes Chablis, este vinho ataca com boa tipicidade, com flores brancas (plumérias), abacaxi e um pouco de maracujá e pêssego.

Na boca a acidez é fresca e incisiva, e o vinho é encorpado. A passagem por madeira foi extremamente bem-feita, não deixando nenhum rastro de doçura enjoativa, apenas uma bela untuosidade. Termina com um tracinho mineral que traz bastante elegância ao conjunto, remetendo novamente àquele caráter chablisienne.

Outro grande rótulo branco vindo das terras rio-grandenses. Ótimo vinho.


Avaliação Vinhozin: 90 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 60 reais.


Vale a pena? Muito. Não nos cansamos de afirmar: aposte nos brancos brasileiros.

quinta-feira, 3 de março de 2016

Soalheiro 2014

           
Os vinhos da Soalheiro (Vinusoalleirus) são os melhores vinhos da região dos Vinhos Verdes. Para nós, autores deste blog, esse é um fato incontestável, com a devida menção honrosa a Anselmo Mendes. É difícil não se apaixonar à primeira vista por um Soalheiro.

Primeiro Alvarinho de Melgaço, terra fronteiriça entre o Minho e a Galícia espanhola, esse vinho vem fazendo história por sua qualidade e seu incrível custo-benefício desde as primeiras safras. As safras de 2012 e 2013, especialmente, alavancaram o rótulo para a categoria de cult wine pela grandeza que aparecia ali: a exuberância aromática do 2012 e a sisudez, a profundidade e a elegância mineral do 2013.

Este 2014 segue na mesma toada da casa, apesar de não ser tão grande como os anteriores. No ataque esse monovarietal de Alvarinho mostra abacaxi e pêssegos, envoltos pela característica mineral que já se torna marca registrada do rótulo (neste ano, giz) e alguma coisa floral. Na boca, é encorpado e mostra aquela acidez incisiva habitual, o que garante um bom envelhecimento e aquele frescor tão típico desse vinho.

Safra após safra, esse é quase um vinho obrigatório.


Avaliação Vinhozin: 91 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 180 reais. Importado pela Mistral.
Preço no exterior: Em torno de 10 euros na Europa e 20 dólares nos EUA.


Vale a pena? Para comprar fora, talvez não exista no mundo dos vinhos um custo-benefício melhor do que esse. Para comprar aqui, somos roubados como sempre.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Aurora Reserva Chardonnay 2014


Yes, nós temos Chardonnays! E não são quaisquer Chardonnays: cada vez mais vemos grandes exemplares surgindo principalmente nas terras gaúchas.

Maior produtora de vinhos do Brasil, a Cooperativa Aurora é uma casa a se olhar com muito carinho daqui para a frente: é impressionante o alto desempenho que seus vinhos vêm alcançando, especialmente quando olhamos para os seus preços.

Esse Aurora Reserva Chardonnay 2014 traz toda a tipicidade da casta, as famosas frutas e flores brancas, mas também algumas notas mais exóticas, como manga e maracujá. A passagem por barrica traz aquela característica amanteigada ao vinho, próprio dos vinhos made in California, mas em um conjunto elegante e fresco, sem excesso de madeira e doçura.  

Esqueça os Chardonnays de entrada e de gama média da Califórnia (ainda não chegamos no nível dos maiores, mas chegaremos). Os brasileiros são muito melhores.


Avaliação Vinhozin: 88 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 30 reais.


Vale a pena? É quase imbatível no custo-benefício.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Quinta da Lixa Loureiro 2014




A região dos Vinhos Verdes é, na nossa opinião, a grande produtora de brancos portugueses ( a Bairrada tinha essa posição até pouco tempo, mas produtores como o Soalheiro e Anselmo Mendes mudaram o panorama geral).

Esse Quinta da Lixa é uma prova de como é fácil achar vinhos brancos bons dessa região. De ótimo custo-benefício, esse monovarietal de Loureiro com apenas 11% de álcool é fácil, leve, puxando bastante para o floral e até para alguma mineralidade (com grande espanto, já que se trata de um vinho de entrada da vinícola). Na boca a acidez é viva, compondo um conjunto refrescante e elegante.

Imprescindível para o verão!


Avaliação Vinhozin: 88 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 35 reais. Importado pelo Grupo Pão de Açúcar.
Preço no exterior: Em torno de 3 euros em Portugal.


Vale a pena? Bastante.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Vallontano Reserva Tannat 2009


Ainda em terra brasilis, esse vinho também já deu o que falar. 

Marco da nova enologia brasileira, o Tannat da Vallontano já mexeu com mentes e corações do mundo inteiro (sendo de especial menção o sommelier Jonathan Nossiter). Essa vinícola gaúcha investiu na qualidade desde os primeiros anos, no Vale dos Vinhedos, e vem entregando grandes vinhos, sempre a bons preços.

Esse Reserva de 2009 mostra bem a tipicidade da casta. Cheio de notas mentoladas e chocolate, mostra ainda complexidade em algumas notas como terra e pimenta, além de cassis, o que poderia confundir muita gente a dizer que este é um Cabernet. Na boca é bastante tânico, o que poderia sugerir um bom envelhecimento, mas parece já estar no melhor momento para o consumo (estava um pouco oxidado, porém pode ser um problema pontual da rolha).

Bela escolha. Vinho sério e muito bom! 


Avaliação Vinhozin: 89 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 50 reais, na Mistral.


Vale a pena? Vale. Novamente vemos um brasileiro com ótimo custo-benefício.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Quinta da Neve Pinot Noir 2011




Mais um vinho brasileiro, mais uma ótima escolha! Só não dizemos que foi uma surpresa porque este é considerado por muitos o maior Pinot Noir brasileiro.

Catarinense, com vinhas plantadas a mais de 1.200 metros acima do nível do mar, essa propriedade foi a primeira a produzir vinhos de altitude em São Joaquim. Com consultoria de Anselmo Mendes, criador do enorme Parcela Única em Portugal, a Quinta produz vinhos de inspiração velho mundo, elegantes e gastronômicos.

O Pinot Noir, referência da vinícola, obviamente não foge à regra. Casta difícil de se adaptar em outras terras que não as borgonhesas, encontrou um terroir fantástico na altitude da Quinta da Neve. Muito elegante, é impressionante a tipicidade do vinho: notas de morangos muito frescos e terra molhada juntam-se à madeira bem colocada, que traz algum defumado. Na boca tem corpo leve mas é untuoso, mostra uma acidez imbatível e taninos sedosos.

O vinho brasileiro está ou não melhorando exponencialmente?


Avaliação Vinhozin: 91 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 120 reais.


Vale a pena? Vale. É muito difícil encontrar Pinots tão típicos e elegantes por esse preço.