sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Produttori Del Barbaresco 2010


Como o mundo dos vinhos é feito de surpresas, e surpresas nem sempre são boas, hoje foi um Barbaresco que decepcionou. E de um tradicional produtor, em uma grande safra na região. Acontece.

O Produttori del Barbaresco é a cooperativa mais premiada da região, reconhecida internacionalmente por seus single-vineyards mas também pelo custo-benefício do seu Barbaresco de entrada. Depois de 8 anos (o que é bem pouco para um Barbaresco, admitimos), abrimos o 2010 para provar. Aqui não foi uma questão propriamente de estar pronto ou não para ser bebido, mas sim se era bebível ou não. Vinoso ao extremo, com acidez saindo pelas orelhas e taninos de rasgar, sem a fruta necessária para ficar melhor no futuro.


Apesar de não estar oxidado nem mostrar sinais de TCA, seria uma garrafa ruim? Pelo alto valor que um Barbaresco exige, é no mínimo estranho.



Avaliação Vinhozin: 50 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 400 reais. Importado pela Grand Cru.
Preço no exterior: Em torno de 25 euros na Europa e 30 dólares nos EUA.

Vale a pena? Não.

terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Quinta de La Rosa Reserva 2009



As classificações, no mundo dos vinhos, têm dois problemas principais. Em primeiro lugar, há um certo grau de subjetividade que, embora o tomador tente levar a zero, é sempre presente (que o diga o Robert Parker e suas fruit bombs). Em segundo lugar, a garrafa; por não ser um produto industrializado (embora tenha gente que tente matar o vinho dessa forma), há grande variância de garrafa para garrafa: elas podem sair da vinícola diferentes, ou, mesmo que saiam iguais, terão cada uma um percurso e isso vai ajudar a moldar o seu sucesso ou fracasso futuro. Um Casillero Del Diablo nunca vai virar um Lafite, mas o contrário pode acontecer.

Com a experiência, tentei acabar com esses 2 problemas da melhor maneira possível: o segundo, comprando na origem ou de fontes confiáveis, com o mínimo de transporte anterior possível, e o primeiro, comprando vinhos que tivessem classificações uniformes entre vários críticos.

O Quinta de La Rosa Reserva 2009 foi quase uma unanimidade entre os críticos quando foi lançado. Wine Spectator, Jancis Robinson e Decanter deram notas altíssimas; com o primeiro problema resolvido, lá fui eu comprá-lo numa adega do Douro. E deu certo.

Que vinho! Por onde começar...campestre, vegetal, cheio de flores, um misto de manhã rural com frutas frescas. Notas de amora, muita mineralidade, muito fresco. Depois de quase 10 anos, um vinho quase sólido, tamanha a concentração. Força, precisão e, principalmente, tipicidade; não tem nada daqueles durienses que tentam emular a Cabernet, a rainha aqui é a Touriga. O vinho termina longo e perfumado, com taninos finíssimos, avelulados, e boa acidez.

Para quem puder, que se guarde mais 10-20 anos. O meu já foi, mas foi um prazer.



Avaliação Vinhozin: 94 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 300 reais. Importado pela Adega Alentejana
Preço no exterior: Em torno de 25 euros em Portugal.

Vale a pena? Já vale aqui, se compararmos com outros vinhos de 200-300 reais; fora, é pra trazer de caixa.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Hermann Lírica Crua NV



A vinícola Hermann é uma velha conhecida desse blog, e já havíamos inclusive bebido esse experimento vinícola antes, mas eu nunca tinha parado para prestar atenção no quão bom era esse vinho. Esse espumante feito pelo método tradicional não passa pelo dégorgement; a meta parece ser causar estranheza, seja pela turbidez que a presença das leveduras dá ao vinho, seja pela tampinha de garrafa que fecha o vinho, ao contrário das rolhas convencionais. É estranho, sim, mas muito bom também.

Corte de Chardonnay, Gouveio e Pinot Noir, o vinho tem bastante frescor com notas de laranjas e peras,  numa coisa bem chablisienne, seca, precisa, vibrante, com mineralidade de giz, muita acidez e corpo (muito mais do que poderia parecer pelos 11,8% de álcool). Concentrado, com pérlage finíssima, mostra algo vegetal no fim.

Está pronto para beber, mas tem espaço para evolução.



Avaliação Vinhozin: 91 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: 76 reais, na Decanter.


Vale a pena? Muito. Aliás, não conheço nenhum outro espumante dessa qualidade por esse preço para comprar aqui no Brasil.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Résonance Pinot Noir 2014



Depois de um período maior do que o esperado de dormência nesse blog (mas com as atividades etílicas ainda em dia), estamos de volta. Pra pegar leve no retorno, nada mais apropriado que um Pinot Noir.

Estivemos nos E.U.A. e trouxemos um Pinot de Oregon consagrado pela mídia local para provar e ver se era tudo isso. Esse Résonance é fruto da empreitada da casa Louis Jadot no Novo Mundo, como muitas outras casas da Borgonha vêm fazendo hoje em dia.

O vinho mostra as frutas vermelhas típicas da casa ( principalmente cerejas), notas florais e algo de tomate, lembrando um Sangiovese; fica no meio do caminho entre um Pinot borgonhês e um californiano. A madeira deixa um pouco de baunilha no conjunto, que, pessoalmente, achamos que não combina nada com a casta. O vinho tem corpo leve, boa acidez e taninos mas falta estrutura e complexidade. Um bom Pinot que parece não ter fôlego para evoluir mais.



Avaliação Vinhozin: 89 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Não tem importador no Brasil.
Preço no exterior: Em torno de 40 dólares nos EUA.

Vale a pena? Por 40 dólares dá pra comprar vinhos bem melhores.

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

La Rioja Alta Viña Alberdi Reserva 2011



Na nossa opinião, os vinhos da Rioja Alta são para a a Rioja o que a Catena é para Mendoza; é impressionante como uma casa consegue realizar rótulos de extrema qualidade, ano após ano, em todas as gamas, e ser tão típica de sua região. Essas vinícolas são como selos de segurança: beba e seja feliz.

Esse Alberdi Reserva é o rótulo de entrada dos tintos da casa. De uma ótima safra na região (assim como em toda a Península), o vinho é bastante tânico, com bela estrutura, mas já está aberto e pronto para ser bebido. Esbanja complexidade com as típicas notas de framboesa, cereja e couro somando-se a uma boa mineralidade e a um caráter bastante herbal, com resina de pinheiro, menta e folha de tabaco. O carvalho americano aporta chocolate e baunilha ao conjunto bem integrado, e o monovarietal de Tempranillo termina apimentado, licoroso e longo. De médio corpo e bastante ácido, o vinho é daqueles perfeitos para a mesa (foi bebido em meia hora, sem nenhum peso).

Tipicidade e muita qualidade.


Avaliação Vinhozin: 93 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 250 reais. Importado pela Zahil.
Preço no exterior: Em torno de 15 dólares nos EUA.

Vale a pena? Já vale aqui, se compararmos com outros vinhos de 200-300 reais; fora, é pra trazer de caixa.

sexta-feira, 29 de junho de 2018

Nicolas Idiart Pouilly-Fumé 2017



Voltamos ao Loire, terra de muitos dos nossos brancos favoritos, com mais um Pouilly Fumé.

Não conhecíamos o produtor, e escolhemos o vinho por recomendação de um atendente de loja na ABC Wines de Orlando (Winter Garden, se não falha a memória); não nos decepcionamos!

Já na abertura é impressionante a exuberância que ele mostra, numa coisa bem tropical, até meio Riesling de vez em quando, com damascos, mamão e flores brancas. Bastante mineral, também tem giz e até um pouco de maresia. O terroir é expresso na tipicidade da nota de grama cortada e na acidez que preenche a boca. Vinhaço.

Para beber já, e com muito prazer.


Avaliação Vinhozin: 92 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Não achamos esse vinho à venda por aqui.
Preço no exterior: Em torno de 15 dólares nos EUA.

Vale a pena? Muito.

terça-feira, 29 de maio de 2018

Long Shadows Poet's Leap Riesling 2015



De volta dos EUA com muita coisa boa na bagagem! Fiz questão de que o primeiro a ser tomado fosse um branco americano, e como estávamos na toada Chardonnay já há algum tempo, fomos na outra grande casta branca.

Esse Poet's Leap não é um vinho que se encontre aqui no Brasil, portanto nunca havia ouvido falar. Conheci através das altas críticas que recebe, ano após ano, de várias publicações internacionais. Depois da pesquisa, fiquei sabendo que a vinícola Long Shadows é um empreendimento no Columbia Valley que congrega grandes nomes da vitivinicultura mundial a fazer vinhos nesse terroir. O Poet's Leap Riesling foi criado por Armin Diel, referência da enologia alemã, e hoje continua pelas mãos de Gilles Nicault.

O vinho impressiona desde o começo: no ataque mostra notas muito definidas de mel, limão e flor de laranjeira, com um pouco de pêssego e frutas tropicais. Ainda não desenvolveu as notas terciárias típicas da Riesling, mas impressiona pela complexidade aromática desde cedo.Na boca é muito denso e concentrado, quase lembrando um Chablis Grand Cru (para não falar um Chardonnay americano amanteigado); a acidez é impressionante, e o conjunto parece ter muita vida pela frente, coisa de quase década.

Está fantástico agora, mas tenho certeza que vai recompensar quem tiver paciência.


Avaliação Vinhozin: 92 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Não achamos esse vinho à venda por aqui.
Preço no exterior: Em torno de 25 dólares nos EUA.

Vale a pena? Bastante.

terça-feira, 17 de abril de 2018

Catena Chardonnay 2016



Já estávamos com saudade de postar alguma coisa por aqui! Para voltar, nada como uma velha favorita.

Não há muito a se apresentar sobre a maior produtora de vinhos da Argentina (em todos os sentidos). Esse Catena Chardonnay faz parte da linha básica da casa (não contando a Alamos), e está excelente como sempre.

O vinho mostra muita complexidade com notas precisas de abacaxi, laranja, maracujá e até algo meio marinho/salino, com damascos e baunilha no final. Na boca tem muito corpo e acidez média: é, na essência, um vinho novo-mundista, no melhor sentido da expressão, e cumpre o que promete como poucos. Para ser bebido jovem, em toda a sua potência.



Avaliação Vinhozin: 91 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 110 reais. Importado pela Mistral.
Preço no exterior: Em torno de 15 dólares nos EUA e na Argentina.

Vale a pena? Bastante.

terça-feira, 6 de março de 2018

Maycas del Limarí Chardonnay Reserva 2015




Várias vezes já afirmei que se for para comprar um Chardonnay de média gama da América do Sul, os brasileiros estarão sempre à frente de seus concorrentes chilenos e argentinos (exceção honrosa feita à Catena Zapata - Catena é Catena). Percebi o meu erro na afirmação quando provamos esse Chardonnay da Maycas Del Limarí.

Não esperava de forma alguma um branco com esse perfil vindo do Chile. Se fosse uma prova cega, passaria fácil por um Chablis Premier Cru: corpo médio, salino, muito fresco, impressiona pela acidez e pela mineralidade fantástica. As notas de fruta puxam também para a maçã verde daquela clássica região borgonhesa, enquanto o aspecto novo-mundista faz uma ponta com a madeira um pouco mais acentuada e as notas de pêssego, aumentando a complexidade do vinho.

Nessa faixa de preço, um dos brancos mais legais que tomamos em muito tempo.



Avaliação Vinhozin: 92 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 80 reais. Importado pela Wine.com.br.
Preço no exterior: Em torno de 20 dólares nos EUA e no Chile.

Vale a pena? Bastante.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Alvarez de Toledo Mencia Roble 2013



Hoje é dia de um velho favorito...

Há anos atrás, compramos este rótulo da Alvares de Toledo, da safra de 2009. A Mencía (Jaen em Portugal), da região de Bierzo, não tinha (e continua não tendo) muita visibilidade no Brasil, mas decidimos provar; a sensação foi muito parecida agora, ao bebermos novamente este vinho, dessa vez da safra 2013.

Muito escuro na cor, mostra uma complexidade aromática impressionante para um vinho desse preço e dessa idade: tabaco e canela (madeira americana e europeia) dão o toque inicial, enquanto o vinho vai desenvolvendo notas de framboesa, menta e alguns florais. Tem corpo médio, bela estrutura tânica (também superior ao que se esperaria) e grande acidez.

Ao lado de Chocapalha, Valmarino, Soalheiro e alguns outros, é um rótulo para sempre se ter em casa.



Avaliação Vinhozin: 90 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 60 reais. Importado pela Wine.com.br.
Preço no exterior: Em torno de 7 euros na Europa e 15 dólares nos EUA.

Vale a pena? Bastante.

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Château d'Armailhac 2010



Já era a hora de postarmos um Grand Cru Classé de Bordeaux por aqui; onde já se viu um blog de vinhos sem os grandes bordaleses?

O Armailhac é um Cinquième Grand Cru Classé (classificação de 1855), um château hoje pertencente ao mesmo grupo do Mouton Rothschild (Baron Phillipe), por isso já tendo sido chamado de Mouton Baron/Mouton Baronne no passado. A safra de 2010 foi classificada por alguns críticos como a melhor da história para esse vinho; de fato, foi umas das 3 grandes safras bordalesas deste começo de século.

Para começo de conversa, tudo o que será dito aqui deve ser relevado por um importante detalhe: não se bebe um Grand Cru com 7 anos. Tivemos que beber o vinho por um percalço, mas isso não se faz: ou toma-se muito novo, ou se espera pelo menos 10-15 anos. Dito isso, compreende-se porque o vinho estava fechado. MUITO fechado.

O que a gente conseguiu tirar dele foi surpreendente: um caráter meio riojano de frutas vermelhas, com morango, tabaco e ervas; aliado ao corpo médio, facilmente passaria despercebido por um vinho espanhol se não fosse o estágio em carvalho europeu, que não transmitiu a nota típica de baunilha (mas também não era a caixa de charutos típica de Bordeaux). Na boca tinha taninos finos, e uma acidez que impressionou. Porém, como dito, não passou muito disso: 2 horas de decantação e o vinho ficou dormindo. Como nós não ficamos, foi bebido antes de se mostrar.

Por enquanto, a avaliação é essa: cabe rebebê-lo no futuro.



Avaliação Vinhozin: 91 Pontos/ 100 (Escala Americana)

Preço no Brasil: Em torno de 900 reais. Importado pela Mistral.
Preço no exterior: Em torno de 60 euros na Europa e 60 dólares nos EUA.

Vale a pena? Sobre o preço daqui, de novo, não comento. Fora, vale a pena, apenas lembrando que há diversos e mais baratos cru bourgeois de 2010 (como o Lanessan que provamos aqui no blog) que estão prontos e por enquanto melhores.