A Garrafeira Nacional do Mercado da Ribeira, em Lisboa, tem duas máquinas Enomatic que são um sonho. Ali encontram-se moscatéis antigos, portos vintage, borgonheses e bordaleses para acompanhar as belas pedidas dos restaurantes ao lado.
A Borgonha está muito bem representada por um de seus grandes (e olha que para ser grande na Borgonha não é para qualquer um), o Domaine Armand Rousseau, tradicionalíssimo produtor da região, detentor de 14 ha de vinhas em Gevrey-Chambertin, sendo mais da metade delas Grand Cru, uma boa parcela de Premier Cru e o resto destinado à produção do nosso rótulo de hoje, o vinho de entrada do Domaine, o Grevrey-Chambertin Villages.
A safra de 2012 foi uma safra difícil, de vários problemas climáticos que levaram a pequenas produções. Quando falamos de um produtor tradicional, porém, a qualidade é dificilmente afetada de modo a comprometer o vinho. Para nós, é isso que difere os grandes produtores, independentemente do país: entregar um vinho consistente, safra após safra, que reflita as características de cada ano no vinho sem que isso descambe para uma perda de personalidade ou qualidade.
Neste rótulo do Domaine, a elegância transborda por todos os lados: muito mineral e algo defumado, mostrando frutas vermelhas maduras e licoradas (característica deste terroir) amparadas por uma acidez afiada, esse Pinot Noir tem taninos presentes mas muito macios, mostrando uma estrutura que permitirá um bom envelhecimento. O final é longo, suculento e um pouco apimentado. A tipicidade grita quando falamos em Gevrey-Chambertin: está tudo ali, força e elegância, concentração e suavidade, lado a lado (e estamos falando de um vinho de entrada!). Não adianta querer achar isso em outro lado. Terroir é terroir, e a Borgonha tem vários dos melhores.
Parafraseando Beto Gerosa, "o vinho da Borgonha não é explosivo e potente como um gol, está mais próximo da beleza e da elegância do drible de um craque.".
Avaliação Vinhozin: 93 Pontos/ 100 (Escala Americana)
Preço no Brasil: Muito difícil de achar! Era importado pela Magnum, e o preço, já há uns bons 5 anos, rondava os 600 reais.
Preço no exterior: Em torno de 100 euros na Europa e 150 dólares nos EUA.
Vale a pena? Os vinhos da Borgonha são caríssimos. Quando temos um produtor tradicional, as coisas pioram ainda mais. Então, é o seguinte: há vários vinhos muito melhores por menos dinheiro, mas não são Borgonha; e há vários vinhos borgonheses de mesmo nível por menos dinheiro, mas não são Rousseau. A escolha fica a cargo do comprador.